O Relatório Econômico de dezembro destaca a resiliência da economia global, a pressão do dólar após as eleições nos EUA e os desafios fiscais enfrentados pelo Brasil.
No cenário global, os dados de emprego nos EUA apresentam sinais mistos, mas ainda condizentes com uma economia resiliente. Merece destaque a estabilidade do número de pedidos de seguro-desemprego, que sugere que os riscos de uma desaceleração abrupta (hard landing) permanecem baixos. Na Zona do Euro, o cenário é diferente, com o acúmulo de indícios de desaceleração econômica, aumentando as chances de um afrouxamento monetário mais rápido pelo Banco Central Europeu.
O PIB brasileiro apresentou crescimento robusto no terceiro trimestre, com destaque para a absorção doméstica (que exclui os efeitos da contração nas exportações líquidas e na variação dos estoques). No entanto, a expansão observada supera com folga as estimativas de PIB potencial, aumentando os riscos de pressões inflacionárias e uma desaceleração no futuro. Além disso, o aumento da incerteza no mercado local, impulsionado principalmente pela insustentabilidade das contas públicas, tem intensificado a pressão sobre o Banco Central. Nesse contexto, o aperto monetário pode levar a taxa Selic a ultrapassar a marca de 15% em 2025.
Nos mercados, a atividade econômica resiliente e as perspectivas favoráveis para o setor privado, intensificadas pelo resultado das eleições, têm contribuído para a performance positiva do mercado de ações americano, apesar de uma nova rodada de abertura das taxas de juros ao longo de novembro.
O Dólar continuou sua trajetória de valorização, impulsionado pelas expectativas de políticas econômicas do governo republicano a partir do ano que vem. A apresentação do pacote de cortes de gastos no Brasil, combinada com uma ampliação da isenção do Imposto de Renda, gerou incertezas sobre as contas públicas. Esse cenário contribuiu para a forte depreciação do real, que atingiu níveis históricos acima de R$6,00/US$.
O Relatório Econômico de novembro destaca as incertezas políticas globais, as tendências de mercado e os desafios econômicos e fiscais no Brasil.
No cenário global, as eleições americanas indicam uma ampla vitória republicana, com Donald Trump superando as expectativas e possivelmente garantindo maior controle do Congresso. Isso sugere uma direção governamental voltada para redução de impostos, menos regulação e tarifas mais altas no comércio internacional. O mercado de trabalho dos EUA também mostra sinais de desaceleração, impactado por fatores sazonais como desastres naturais e greves, que contribuíram para uma criação líquida de empregos abaixo das expectativas.
Nos mercados, a inflação global continua resiliente, com o deflator do PCE dos EUA acelerando ligeiramente, mas sem surpresas. As ações americanas tiveram um desempenho positivo, impulsionadas pelo sentimento pós-eleitoral, enquanto mercados emergentes, incluindo o Brasil, enfrentaram desafios. A volatilidade nos juros americanos e o aumento do VIX refletem o clima de incerteza.
No Brasil, o governo trabalha em um pacote de corte de despesas de aproximadamente R$ 30 bilhões para cumprir as metas fiscais, mas ainda enfrenta a necessidade de reformas estruturais. A inflação ao consumidor acelerou em outubro, especialmente em componentes inerciais, o que reforça as preocupações sobre o aquecimento da economia e seu impacto nos preços.
O real continua pressionado, especialmente em comparação com outras moedas emergentes, devido à incerteza fiscal local e ao cenário externo volátil. A expectativa de aumento de tarifas e menor regulação nos EUA, caso Trump confirme a vitória, também traz riscos adicionais para moedas como o real, com exposição a commodities e mercados emergentes.
Esse cenário complexo destaca a importância de monitorar atentamente tanto as tendências políticas quanto as econômicas, pois as decisões governamentais nos EUA e os ajustes fiscais no Brasil podem impactar diretamente os mercados e a economia global.
O Relatório Econômico de outubro destaca o início de um novo ciclo de cortes de juros nos EUA, a resposta do governo chinês frente à desaceleração da demanda interna e as revisões nas projeções de inflação do Banco Central do Brasil.
No cenário global, o Federal Reserve deu início a um ciclo de cortes de juros, com uma redução de 50 pontos-base na última reunião do comitê de política monetária do Fed (FOMC), levando a taxa dos fed funds para o intervalo entre 4,75% e 5,00%. O presidente do banco central, Jerome Powell, destacou que não há pressa para implementar novos cortes, indicando que o ritmo esperado para os próximos cortes seria de apenas 25 pontos-base por reunião, caso os dados evoluam conforme esperado.
Por outro lado, a China anunciou o maior pacote de estímulos desde a pandemia, em resposta à desaceleração da demanda interna. As medidas incluem cortes nas taxas de juros e no depósito compulsório, além de ações específicas para o setor imobiliário e o mercado acionário. O presidente chinês, Xi Jinping, também discursou em uma reunião extraordinária do Politburo (o comitê de líderes do Partido Comunista Chinês), sugerindo que novos estímulos estão por vir, incluindo medidas fiscais. A reação do mercado foi positiva, com valorização das ações e commodities, como o minério de ferro.
No Brasil, o Banco Central entregou uma alta de 25 pontos-base na taxa Selic, elevando-a para 10,75% ao ano, em resposta à persistência da inflação e ao forte crescimento da economia. Apesar de uma leve desaceleração observada no IPCA-15, favorecido por alguns itens mais voláteis, como passagens aéreas e seguros veiculares, a perspectiva para a inflação no país permanece desafiadora.
Nos mercados, observamos uma ampliação do diferencial de juros entre Brasil e EUA, diante do ciclo de afrouxamento monetário nos EUA e de aperto no Brasil. Na bolsa americana, observamos um cenário de possível convergência à média entre os índices acionários, caso o cenário de “pouso suave” na economia se confirme, enquanto a bolsa local enfrenta desafios, dado que historicamente performa pior em ciclos de alta de juros. Ainda assim, acreditamos ser importante manter alocação na classe, que ainda apresenta múltiplos atrativos em uma economia resiliente e que pode se beneficiar de eventuais drivers positivos de fluxo para mercados emergentes.
O Relatório Econômico de setembro destaca o cenário global de desaceleração econômica e ajustes monetários em economias desenvolvidas, especialmente nos EUA.
A melhora nos dados de inflação e a desaceleração no mercado de trabalho observadas ao longo dos últimos meses permitiram que o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicasse o início de um ciclo de corte de juros em setembro, durante seu discurso no Simpósio de Jackson Hole. A decisão ocorre cerca de seis meses após o primeiro banco central de uma economia desenvolvida (Suíça) realizar o primeiro corte de juros no ano. Além disso, as eleições nos EUA e suas possíveis implicações sobre o comércio global continuam sendo monitoradas.
No Brasil, o PIB do segundo trimestre cresceu 1,4%, superando expectativas. No entanto, a inflação ainda persiste, o que levou o Banco Central a revisar sua política monetária. A economia forte e a interrupção do processo de desinflação na economia brasileira levaram o Banco Central a iniciar um novo ciclo de alta de juros a partir de setembro. Com isso, o Brasil se destaca como uma das poucas economias no mundo com perspectiva de aumento das taxas de juros nos próximos 12 meses.
Nos mercados, a bolsa americana continuou apresentando bons resultados, refletindo a perspectiva de corte de juros em meio a uma desaceleração controlada da economia americana. No Brasil, o Ibovespa entregou alta forte, puxada pela melhora dos resultados das empresas (em linha com as evidências de uma economia forte), enquanto o mercado de crédito segue atraindo fluxo expressivo, em um cenário de juros elevados. O Dólar, por outro lado, mantém-se valorizado frente ao Real, em um contexto desafiador para moedas utilizadas em estratégias de carrego de juros.
O Relatório Econômico de agosto destaca as mudanças nas expectativas econômicas globais, a reação dos mercados financeiros e os desafios do Brasil.
A inflação global continua moderando, especialmente nos EUA, onde o deflator do PCE de junho confirmou uma desaceleração significativa no segundo trimestre de 2024. O Banco Central do Reino Unido (BoE) cortou sua taxa de juros pela primeira vez desde 2020, enquanto o Federal Reserve (FED) manteve a taxa estável, mas sinalizou a possibilidade de cortes futuros. O mercado de trabalho americano mostrou sinais de desaceleração, o que aumentou as preocupações com uma possível recessão.
Os mercados globais refletiram o aumento do risco de recessão, especialmente nos EUA, com um rápido fechamento dos juros e aumento da volatilidade nas bolsas, como evidenciado pelo índice VIX. O Banco Central do Japão (BoJ) continuou com a normalização de sua política monetária, elevando a taxa básica, o que impactou negativamente os mercados.
O Brasil enfrenta desafios fiscais, com o mercado local cético quanto à capacidade do governo de atingir suas metas de resultado primário. Apesar do crescimento das receitas, as despesas continuam a aumentar acima do esperado. O Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) manteve a taxa de juros estável, mas indicou que novas altas podem ser necessárias devido à deterioração da conjuntura econômica.
O mercado cambial brasileiro permanece sob pressão, com o real continuando sua trajetória de depreciação, resultando em desempenho inferior ao de outras moedas semelhantes.
O Relatório Econômico de julho destaca as mudanças nas expectativas para a inflação e taxa de juros nos Estados Unidos, a interrupção do ciclo de cortes de juros no Brasil, e a performance dos mercados financeiros globais e locais.
No cenário global, o primeiro debate entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos aumentou a incerteza quanto à saúde de Joe Biden, elevando as chances de Trump ser eleito em novembro e trazendo especulações sobre uma possível substituição de Biden como candidato democrata. A inflação nos Estados Unidos apresentou uma forte desaceleração em maio, com dados favoráveis inclusive nos componentes mais inerciais. Apesar disso, o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (FOMC) revisou para cima suas projeções de inflação e taxa de juros, incluindo a estimativa de taxa de juros de longo prazo, considerada uma proxy para a taxa neutra.
Os mercados de juros americanos fecharam de forma mais intensa após a divulgação de leituras benignas nos dados de inflação ao consumidor de maio. Ao mesmo tempo, a bolsa americana registrou mais um mês de alta concentrada em poucas empresas.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM) decidiu interromper seu ciclo de cortes de juros, sinalizando juros altos por mais tempo. Essa decisão ocorreu em meio à desancoragem das expectativas de inflação e à intensa depreciação cambial. O governo brasileiro prometeu realizar um “pente fino” nas despesas, mas a sustentabilidade do arcabouço fiscal segue em risco.
O Real depreciou significativamente, distanciando-se de outras moedas comparáveis, ainda que parte do movimento tenha se desfeito após uma melhora da comunicação do governo. Enquanto isso, a bolsa doméstica seguiu entregando performance aquém dos mercados globais, refletindo a deterioração do sentimento em relação à conjuntura local.
O Relatório Econômico de junho destaca o início dos ciclos de cortes de juros em algumas das principais economias desenvolvidas, a moderação gradual do mercado de trabalho americano, o crescimento da economia chinesa, o robusto PIB brasileiro no primeiro trimestre e seus impactos para os mercados.
No cenário global, após um prolongado período de desinflação, algumas das principais economias desenvolvidas estão finalmente iniciando seus respectivos ciclos de cortes de juros. Os bancos centrais da Suíça, Suécia, Canadá e da Zona do Euro foram os primeiros a reduzir suas taxas, e espera-se que o Reino Unido e os Estados Unidos sigam essa tendência até o final do ano. O mercado de trabalho também está mostrando sinais de normalização, com a taxa de desemprego e o número de vagas abertas por pessoa desempregada se aproximando dos níveis pré-pandêmicos. A economia chinesa, por sua vez, está crescendo devido a estímulos econômicos, apesar de ainda enfrentar desafios na demanda doméstica e no setor imobiliário.
Após a ata do Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (FOMC) esclarecer a disposição dos membros em aumentar os juros, a curva de juros dos Estados Unidos começou a abrir, mas dados econômicos favoráveis ajudaram a amenizar esse movimento. As taxas de juros encerraram maio em níveis próximos aos do mês anterior, mantendo a probabilidade de que o primeiro corte de juros ocorra em setembro. A bolsa americana, representada pelo S&P 500, continuou a apresentar desempenho positivo, subindo 4,6% em maio e 26% nos últimos doze meses.
No Brasil, o PIB do primeiro trimestre subiu 0,8% em relação ao trimestre anterior, superando o consenso de mercado, refletindo a resiliência do consumo das famílias e a recuperação do investimento em capital fixo. Esse desempenho reforça as expectativas de crescimento para 2024, atualmente projetadas um pouco acima de 2%. No mesmo sentido, o mercado de trabalho continua surpreendendo, com a taxa de desemprego em trajetória descendente e a massa salarial voltando a subir de forma expressiva em abril, o que pode trazer desafios para a desinflação do segmento de serviços e, consequentemente, para o ciclo de cortes de juros do Comitê de Política Monetária do Banco Central.
A última decisão do COPOM foi mal recebida pelo mercado, aumentando a incerteza sobre a postura futura do comitê e se refletindo em um aumento dos prêmios na curva de juros e na inflação implícita. O Real, por sua vez, registrou uma performance inferior às suas moedas comparáveis, com investidores locais reduzindo suas posições em meio à piora do cenário doméstico.
O Relatório Econômico de maio destaca os dados de inflação fortes e a moderação no mercado de trabalho norte-americano, o adiamento das expectativas de cortes de juros pelo FOMC, a revisão das metas fiscais no Brasil e o impacto do fluxo estrangeiro para o Ibovespa.
No cenário global, os dados de inflação nos EUA foram consistentemente fortes no primeiro trimestre de 2024, com destaque para o PCE trimestral, que surpreendeu e levou a uma revisão significativa dos números de janeiro. O mercado de trabalho nos EUA mostra sinais de desaceleração, com a criação líquida de empregos abaixo do esperado, moderação nos salários e alguma elevação da taxa de desemprego. O FOMC anunciou uma desaceleração do quantitative tightening em seu último comunicado, reduzindo o ritmo mensal de recuo do balanço do FED a partir de junho.
No Brasil, pesquisas setoriais e dados do mercado de trabalho brasileiro permaneceram fortes em março, confirmando um primeiro trimestre robusto, apesar de surpresas negativas na indústria e no varejo. O governo revisou a meta de superávit primário para 2025 e 2026, refletindo a fragilidade do comprometimento fiscal, embora a Moody’s tenha elevado a perspectiva do rating do Brasil para positiva.
Nos mercados, à medida que a inflação se mostrou mais forte do que o esperado em 2024, a data esperada para o início dos cortes de juros nos Estados Unidos foi sendo postergada. Atualmente, o mercado se divide entre as possibilidades de um ou dois cortes de 25 pontos-base (bps) até o final do ano. Além disso, a temporada de resultados das empresas nos EUA foi positiva, com lucros acima das expectativas, impulsionando o desempenho do S&P 500.
No Brasil, o Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (COPOM) optou por um corte menor do que o prescrito na taxa Selic, mas com uma votação dividida entre os membros indicados pelo antigo governo (que votaram por um corte de 25 bps) e os novos indicados (que defenderam a manutenção da indicação de 50 bps). A divisão causou incômodo no mercado, que passou a temer ainda mais que o comitê se torne mais leniente à inflação a partir do ano que vem, quando os novos indicados se tornam maioria. Por fim, o investimento estrangeiro na bolsa brasileira foi negativo nos primeiros quatro meses de 2024, impactando o desempenho do índice. Em contrapartida, observamos pequenos sinais de reversão nos dados preliminares de maio.
O Relatório Econômico de abril destaca os movimentos de juros nos países desenvolvidos, os dados de mercado trabalho impressionantes no Brasil e o cenário desafiador enfrentado pelo Real.
Em abril, ocorreu a primeira alta da taxa básica de juros do Japão em quase duas décadas, em contraste com a maioria do resto do mundo, que elevou suas taxas de juros de forma expressiva até o ano passado e agora entrega (ou planeja entregar) cortes nas taxas. Enquanto isso, o Banco Central da Suíça foi o primeiro entre os pares nas principais economias desenvolvidas a iniciar um ciclo de cortes de juros, possivelmente favorecendo movimentos semelhantes em outras regiões.
Na reunião de março, o Federal Reserve manteve a taxa de referência dos EUA, mas divulgou ajustes importantes em suas projeções econômicas, sinalizando juros altos por mais tempo. Além disso, a ata da reunião revelou que a ampla maioria dos membros do comitê deseja iniciar uma desaceleração no ritmo de venda de ativos do balanço da autoridade monetária em breve.
O mercado de juros, que havia convergido para as expectativas do FOMC (Comitê de Política Monetária do Fed), voltou a abrir na esteira de dados robustos de atividade econômica, mercado de trabalho e inflação. Apesar da volatilidade, a bolsa americana manteve desempenho positivo no primeiro trimestre, com contribuições menos concentradas nas grandes empresas de tecnologia, devido à melhora na performance de outros setores, como o de energia.
No Brasil, os dados recentes do mercado de trabalho continuam impressionantes, com mais um mês de forte criação líquida de empregos formais em fevereiro, conforme indicado pelo Caged, e uma taxa de desemprego historicamente baixa conforme a PNAD Contínua. Apesar disso, os serviços subjacentes apresentaram resultados abaixo do esperado no IPCA de março, embora permaneçam em patamares elevados. Além disso, o relatório bimestral de receitas e despesas do Tesouro Nacional revelou um resultado confortável no início do ano, postergando a necessidade de contingenciamento no orçamento.
Por outro lado, o mercado acionário brasileiro, representado pelo Ibovespa, enfrentou desafios desde o início do ano, com grande parte da performance negativa advinda de estatais como Petrobras e Vale. Destaca-se ainda a indústria de fundos, que tem entregado resultados melhores que o índice em 2024. Enquanto isso, o Real vem se deteriorando, superando a marca de 5 US$/R$ ao final de março e se aproximando de 5,30 US$/R$ em meados de abril, mesmo após o leilão adicional de swap cambial anunciado pelo Banco Central.
O Relatório Econômico de março destaca os sinais de aceleração da atividade global, consolidação de candidatos nas eleições dos EUA, desempenho positivo das ações americanas impulsionado pelo crescimento das expectativas de lucro, e desafios e oportunidades econômicas no Brasil.
No cenário global, observamos sinais de aceleração da atividade econômica, embora as taxas de juros permaneçam elevadas. Esse movimento acontece não apenas nos EUA, mas também em outras partes do mundo, incluindo países asiáticos como a Coreia do Sul, cujas exportações são consideradas um indicador antecedente para o ciclo econômico global.
A inflação ao consumidor surpreendeu o mercado com uma aceleração a partir de janeiro, seguida de certa melhora em fevereiro. Esses dados reforçam a dinâmica recente do mercado de juros, que vem adiando as expectativas implícitas de cortes nas taxas americanas. Já em relação às eleições presidenciais dos Estados Unidos, a “super terça” confirmou as candidaturas de Joe Biden e Donald Trump com uma grande vantagem.
Apesar da volatilidade das taxas de juros, os índices de ações nos EUA mantêm desempenho positivo, impulsionados pelo crescimento das expectativas de lucro, especialmente nas empresas de tecnologia. A correlação móvel entre as ações e os títulos do governo americano continua em nível positivo.
No Brasil, o PIB do quarto trimestre de 2023 confirmou a estagnação do crescimento econômico, embora as expectativas para 2024 estejam em trajetória ascendente. O mercado de trabalho forte e pressões salariais representam riscos para a inflação, mas os preços das commodities têm proporcionado algum alívio. Observamos um movimento gradual de aumento das taxas de juros locais, refletindo os juros globais e a inflação de serviços.
O Relatório Econômico da Turim destaca a dinâmica global no início de 2024, revelando um mercado de trabalho aquecido nos Estados Unidos, escala de tensões de natureza geopolítica e volatilidade nas taxas de juros globais.
O Non-Farm Payroll surpreendeu o mercado com a criação líquida de 353 mil empregos em janeiro, muito além das estimativas. Além disso, observamos uma aceleração dos salários por hora trabalhada, impulsionada por fatores climáticos que impactaram as horas efetivamente trabalhadas.
Na esfera global, as tensões geopolíticas, especialmente na região do Mar Vermelho, impactaram as cadeias produtivas, refletindo-se no aumento dos custos de frete. Já em relação à eleição presidencial dos Estados Unidos, o ex-presidente Donald Trump confirma força nas primárias republicanas, fazendo com que o desfecho mais provável seja uma disputa entre Trump e o atual presidente Joe Biden, representando o partido democrata.
Na conjuntura local, o IPCA de janeiro superou as expectativas, revelando ainda pressão elevada sobre os preços de serviços subjacentes. Por outro lado, destaca-se também a melhora nas contas externas, impulsionada pela pujança das exportações líquidas na balança comercial.
No âmbito dos mercados, o início do ano foi marcado por volatilidade nas taxas de juros devido à incerteza sobre a política monetária global, especialmente nos EUA. O mercado, que vinha atribuindo elevada probabilidade de cortes já na reunião de março, se deparou com uma sequência de eventos “desanimadores” para a tese, postergando as expectativas para o início do ciclo de cortes.
Alguns dos principais índices de ações dos Estados Unidos, como o S&P 500 e o Nasdaq Composite, encerraram o mês de janeiro em terreno positivo, apesar da volatilidade dos juros. Entretanto, o retorno desses índices segue atribuído, em larga medida, a poucos nomes. Dito isso, o Ibovespa iniciou o ano com um desempenho mais fraco.
O Relatório Econômico desse mês destaca o forte processo de desinflação global, a postura conservadora do COPOM, e o fechamento das taxas de juros globais nos últimos meses de 2023.
Em 2023, testemunhamos uma desinflação global mais rápida do que o mercado esperava, impulsionada pela reorganização das cadeias produtivas e pela moderação dos preços de commodities. Nesse contexto, os bancos centrais das principais economias puderam optar por combater a inflação de forma “oportunística”, viabilizando uma interrupção do ciclo de alta de juros ainda em 2023. No caso dos Estados Unidos, especula-se que o ciclo de corte de juros pode começar ainda no primeiro trimestre de 2024.
Apesar da melhora na conjuntura econômica, o comitê de política monetária do Banco Central do Brasil (COPOM) adotou uma postura conservadora, mantendo a indicação de que antevê manutenção do atual ritmo de cortes de juros nas próximas reuniões. Ao mesmo tempo, as exportações líquidas do país atingiram saldo recorde, de quase 100 bilhões de dólares, refletindo crescimento do volume exportado, a despeito da queda nos preços das commodities importantes para a pauta exportadora.
Dezembro também foi marcado pelo fechamento das taxas de juros nos EUA, impactando não apenas os títulos com prazos de vencimento mais curtos, mas também os de prazo mais longo. Esse movimento ajudou a explicar a forte performance de índices de ações no mês. Em contrapartida, a maior parte do retorno dos principais índices no ano foi concentrada em poucos nomes. O S&P 500, por exemplo, teve cerca de 75% do seu retorno explicado pelas “Magnificent 7” – nome atribuído a uma cesta hipotética de sete das maiores empresas de tecnologia do índice.
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Novembro trouxe movimentações impactantes nos mercados globais. O Relatório Econômico de novembro destaca o fechamento dos vértices de longo prazo da curva de juros nos EUA, influenciado pelo anúncio do Tesouro americano de desacelerar emissões de títulos de longo prazo. Outro fator relevante que ajudou no movimento dos juros foi a composição benigna da inflação, sobretudo nos componentes mais inerciais.
A melhora na conjuntura se refletiu na comunicação de alguns membros do FOMC (Comite de Política Monetária do FED) defendendo a possibilidade de um início para o ciclo de cortes de juros ainda no primeiro trimestre do ano que vem, caso os dados de inflação sigam melhorando, a fim de manter a taxa de juros real estável.
Surpreendendo, o PIB do terceiro trimestre do Brasil mostrou resiliência, mas os números mais fortes em serviços e na demanda das famílias podem gerar algum desconforto ao COPOM (Comitê de Política Monetária do Banco Central brasileiro), que segue aguardando sinais mais sólidos de arrefecimento na atividade econômica. Além disso, o governo optou por manter a meta de resultado primário de 2024, mas segue tentando evitar um contingenciamento de gastos no ano que vem.
Novembro destacou-se como o melhor mês em mais de 15 anos para a renda fixa global, impulsionado pelo possível fim do ciclo de alta de juros. Bolsas globais também registraram fortes altas, proporcionando resultados favoráveis para carteiras diversificadas.
A precificação dos juros terminais no Brasil voltou a cair, refletindo a tendência global, enquanto a bolsa local apresentou uma alta de 12,5% no mês, aproximando-se da máxima histórica atingida em 2021.
O FOMC (Comite de Política Monetária do FED), em sua última reunião, manteve as taxas de juros estáveis, porém ajustou sua comunicação, reconhecendo explicitamente o aperto das condições financeiras. Esse aperto – impulsionado pela abertura das taxas de longo prazo – se mantido por tempo suficiente, poderia substituir a necessidade de altas adicionais dos fed funds.
Indicadores recentes apontam para uma desaceleração gradual da economia dos Estados Unidos, inclusive no mercado de trabalho, que vinha se provando mais forte do que o esperado até pouco tempo atrás. Vale destacar que, embora o mercado venha recebendo positivamente os dados mais fracos, isso pode mudar, a medida em que o processo de desinflação fica mais claro e cresce o risco de uma recessão.
No Brasil, o IPCA-15 de outubro mostrou avanço no processo de desinflação, especialmente nos núcleos e no segmento de serviços, métricas que vem sendo acompanhadas de perto pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM). Apesar disso, o comitê expressou preocupação com o cenário internacional, sobretudo pelo risco de uma possível depreciação cambial, o que poderia gerar novas pressões inflacionárias.
Nos mercados, o destaque do mês foi a forte abertura dos juros dos EUA, atingindo máximas próximas a 5% nas taxas nominais de longo prazo. Entretanto, boa parte desse movimento se reverteu já nos primeiros dias de novembro. Esse movimento foi um dos principais responsáveis pela performance dos principais índices de ações, que recuperaram boa parte da queda de outubro já no início de novembro, tanto globalmente quanto no Brasil.
Também chama atenção o comportamento do petróleo, a despeito da escalada dos conflitos de ordem geopolítica global. Atualmente, pouco mais de um mês após o ataque do Hamas em Israel, o petróleo chega a ser negociado abaixo dos preços anteriores ao evento.
Nosso Relatório Econômico de setembro destaca a revisão positiva das expectativas de crescimento para os Estados Unidos, impulsionada por dados favoráveis de atividade e emprego, enquanto a atividade na Zona do Euro e na China continua em ritmo fraco.
Em sua última reunião, o FOMC (comitê de política monetária dos Estados Unidos) manteve as taxas de juros estáveis, mas revisou de forma relevante as projeções econômicas, indicando a necessidade de manter juros em níveis mais elevados por mais tempo. O Banco da Inglaterra também surpreendeu ao manter as taxas inalteradas, devido à desaceleração da inflação.
Na economia brasileira, o Banco Central reduziu a taxa Selic em 50 pontos-base, seguindo o plano de cortes graduais. Além disso, a atividade econômica tem se mostrado resiliente, mesmo com juros altos, e o país tem mantido uma situação externa relativamente confortável, com forte fluxo de investimentos para o país e desempenho e superávit na balança comercial.
Nos mercados, observamos o contínuo aumento das taxas de juros de longo prazo nos EUA, atingindo níveis não vistos desde 2008. Os índices globais de ações enfrentam desafios, influenciados pela abertura das taxas de juros, com mesmo as gigantes do setor tecnológico, chamadas de “Big Techs”, registrando desempenho negativo no mês. No Brasil, as taxas de títulos de renda fixa de longo prazo também subiram, embora com menor intensidade em comparação com outras economias emergentes. De forma análoga ao ocorrido no mercado de juros, o Ibovespa também não performou bem em setembro, mas ainda se comportou melhor que os pares.