As estatísticas mais recentes do mercado de trabalho parecem ter contribuído para o aumento da preocupação, ao menos entre os membros do FOMC, sobre um eventual enfraquecimento mais pronunciado da atividade econômica. O dado que chamou mais atenção foi a alta da taxa de desemprego, que atingiu 4,44% em setembro, acumulando alta de 32 pontos-base em apenas três meses.
Embora o movimento possa assustar, a leitura mostra resiliência na criação líquida de empregos, seja no Payroll (+187 mil), seja na população ocupada (+279 mil), utilizada no cálculo da taxa de desemprego. Isso ocorre porque a taxa de desemprego não mede a parcela total da população desocupada, mas sim o percentual de pessoas desempregadas dentre aquelas que estão ativamente procurando emprego. Dessa forma, a alta nos últimos três meses pode ser integralmente explicada pela aceleração da entrada de trabalhadores no mercado, associada ao aumento da taxa de participação.
No gráfico desta semana, apresentamos a decomposição da variação da taxa de desemprego desde o início do ano, separando o impacto das contratações líquidas do efeito do aumento da força de trabalho. Observa-se que, dos 43 pontos-base de alta acumulados desde janeiro, aproximadamente dois terços podem ser atribuídos ao aumento da população ativa. Essa composição não invalida a leitura de perda de dinamismo, mas demonstra que o número de demissões não foi o principal determinante do movimento.
Análises desse tipo permitem qualificar a interpretação dos dados e tornam-se especialmente importantes em períodos de transição, quando a evolução do mercado de trabalho exerce influência direta sobre o ritmo e a direção futura da política monetária.
Mini glossário
- Payroll: relatório mensal baseado em registros administrativos de empresas, amplamente utilizado como referência para criação de empregos nos EUA.

