Há quase exatos 28 anos, no dia 5 de dezembro de 1996, Alan Greenspan, então presidente do Federal Reserve, alertava sobre os riscos de uma “exuberância irracional” no mercado financeiro. Durante seu discurso, Greenspan questionou: “Como sabemos quando a exuberância irracional está elevando indevidamente os preços dos ativos, que depois se tornam sujeitos a quedas inesperadas e prolongadas?” Apesar do alerta, o mercado americano continuou a registrar altas expressivas por mais de três anos, até o colapso da bolha das empresas de tecnologia (dot-com bubble) em março de 2000.
O gráfico desta semana ilustra a performance acumulada de algumas das principais bolsas globais desde o início de 2023, destacando o desempenho superior do mercado americano, especialmente as empresas de tecnologia, representadas pelo índice NASDAQ Composite. Assim como na década de 1990, o mercado acionário dos EUA tem apresentado desempenhos robustos, impulsionado por indicadores econômicos positivos e expectativas otimistas para as empresas. Ainda assim, o desafio de estimar o “preço justo” dos ativos permanece atual.
A análise retrospectiva revela lições valiosas. Um investidor que tenha optado por evitar exposição à bolsa americana após o discurso de Greenspan em 1996 deixou de capturar retornos significativos nos anos subsequentes. Por outro lado, quem manteve uma alocação concentrada em ações no início de 2000 enfrentou perdas severas com a correção do mercado. Essa incerteza constante, entre a busca por retornos elevados em momentos de otimismo e o risco de correções abruptas, reforça a importância de uma alocação diversificada, capaz de equilibrar retorno e risco ao longo do tempo.