Visão Turim
Um encontro mensal com nosso time sobre mercados e estratégias
O webinar Visão Turim de dezembro contou com a participação de Henrique Santos, Sócio e Portfolio Manager da Turim; João Mello, Portfolio Manager; e Eduardo Lopes, Analista de Ativos Líquidos, em uma conversa sobre o mercado de trabalho nos EUA, os dissensos entre membros do FOMC, o impacto das tarifas sobre a inflação ao consumidor americano, a desaceleração econômica no Brasil e as perspectivas para as próximas decisões do COPOM.
Nos Estados Unidos, apesar da surpresa para cima no Payroll de setembro, o mercado de trabalho ainda demonstra tendência de enfraquecimento, ao mesmo tempo em que o investimento privado mostra pujança, sobretudo em temas relacionados à inteligência artificial, criando uma dicotomia incomum na atividade econômica.
A inflação também mostrou alguma melhora ao longo do ano, mas permanece acima da meta, com impacto não desprezível das tarifas. Apesar de alguma desaceleração no ritmo de alta da alíquota na segunda metade do ano, o aumento do repasse de custos para os consumidores finais tem sustentado um efeito inflacionário defasado.
Para o Federal Reserve, a piora no mercado de trabalho tem sido a prioridade, justificando cortes mais acelerados inicialmente. Já para o ano que vem, o quadro de inflação ainda acima da meta e desemprego próximo do “natural” deve elevar a barra para continuidade do movimento, pelo menos até o fim do mandato do presidente Jerome Powell.
No Brasil, as estatísticas econômicas seguem confirmando a tendência de desaceleração, após um longo período de juros elevados. Essa tendência já se reflete nas expectativas de crescimento para o ano que vem (em torno de 1,8% na mediana do Focus), a despeito de um impulso fiscal não desprezível contratado para o ano da eleição. Assim, o mercado já precifica um ciclo de cortes iniciado no primeiro trimestre do ano que vem, embora em magnitude ainda pequena vis-à-vis ciclos anteriores.
Nos mercados globais, o destaque de novembro foi o risco de uma bolha em ativos ligados à inteligência artificial, levando a fortes correções em ações de tecnologia. Índices mais amplos de mercados desenvolvidos ficaram praticamente de lado no mês. Já no Brasil, o Ibovespa avançou mais de 6%, apoiado pela expectativa de cortes juros em 2026, em meio a valuations ainda descontados.
