A dinâmica dos mercados globais nos últimos anos tem sido marcada por uma série de eventos inusitados. Entre eles, podemos citar a recente alta nas taxas de juros de títulos americanos em meio a um ciclo de afrouxamento monetário, algo bem atípico. Apesar dos cortes de juros implementados pelo FOMC (comitê de política monetária do Federal Reserve), que reduziram a taxa básica em 100 pontos-base desde setembro, as taxas futuras têm caminhado na direção oposta.
O gráfico desta semana compara a variação, medida em pontos-base, das taxas de remuneração dos títulos do Tesouro americano de 10 anos neste ciclo de flexibilização com a média dos movimentos em ciclos anteriores. Observa-se que, enquanto as taxas caíram no período que antecedeu a decisão de setembro – em linha com o comportamento histórico –, elas subiram de forma expressiva (cerca de 100 pontos-base) desde então. Em contraste, nossa amostra de ciclos passados apresenta um movimento de queda consistente na mesma janela.
Entre as possíveis explicações para esse fenômeno estão os dados macroeconômicos mais fortes divulgados no quarto trimestre e a perspectiva de uma inflação mais pressionada no futuro próximo, que limitaram o espaço para cortes adicionais na taxa de juros. Outro ponto relevante é a inclinação da curva de juros (diferença entre as taxas de títulos com prazos maiores e menores), que se ampliou, indicando um maior prêmio nos títulos de longo prazo. Isso sugere que outros fatores estruturais também podem ter contribuído para esse comportamento.
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